domingo, 13 de abril de 2014

Copas do Mundo

Espanha 82
A Copa do Mundo de 1982, na Espanha, está marcada na memória de todo apaixonado por futebol. Não pelo tri da Itália, que fez bela final contra a Alemanha, com apito do brasileiro Arnaldo Cézar Coelho. Muito menos pelo aumento no número de seleções para 24 (com 14 sedes e 17 estádios) ou pelos resultados surpreendentes dos africanos Camarões e Argélia. O que a maioria não esquece mesmo é o encantamento causado pela Seleção Brasileira dirigida por Telê Santana e precocemente eliminada pela Itália. A partida ficou conhecida como Tragédia de Sarriá, numa referência ao estádio de Barcelona, que seria demolido em 1997.

O mineiro Telê Santana assumiu o cargo em 1980, em substituição a Cláudio Coutinho e sob o comando da recém-criada CBF (Confederação Brasileira de Futebol), presidida por Giulite Coutinho. Os primeiros resultados não empolgaram até o Mundialito, torneio disputado no início de 1981, no Uruguai. Os anfitriões derrotaram o Brasil na decisão por 2 a 1. Nas eliminatórias, a Seleção Brasileira não teve dificuldade, já que caiu num grupo com Venezuela e Bolívia e venceu os quatro jogos.

A situação começou a mudar com a excursão à Europa, em maio. O Brasil voltou com três vitórias contra grandes adversários: 1 x 0 sobre a Inglaterra, na primeira derrota dos ingleses para uma seleção sul-americana em Wembley; 3 x 1 diante da França; e 2 x 1 ante a Alemanha Ocidental, em Sttudgard, com o goleiro Valdir Peres defendendo em sequência duas cobranças de pênalti feitas por Breitner. Em julho, a Seleção Brasileira ainda derrotaria a Espanha por 1 a 0, em amistoso na Fonte Nova.

A despedida do país foi com uma goleada por 7 a 0 sobre a Irlanda, na inauguração do Parque do Sabiá, em Uberlândia. Apesar dos bons resultados, a equipe de Telê Santana ainda era alvo de críticas, principalmente pela falta de um ponta-direita nato. Outro problema ocorreu já na Espanha: o atacante Careca, do Guarani, sofreu contusão muscular e teve de ser cortado. Serginho virou titular e Roberto Dinamite foi convocado para o banco.

Na estreia contra a União Soviética, o desempenho ofensivo não escondeu as deficiências da defesa: Valdir Peres falhou no gol de Bal, o zagueiro Luisinho cometeu dois pênaltis não marcados pelo árbitro espanhol Augusto Castillo, e o lateral Leandro não conseguiu parar o ponta Blokhin. No segundo tempo, Sócrates e Éder, com belos chutes de fora da área, viraram o placar. Na partida seguinte, o Brasil começou de novo atrás no placar, mas não teve muito trabalho para chegar à goleada por 4 a 1 sobre a Escócia. Classificada, a Seleção Brasileira poderia poupar jogadores contra a Nova Zelândia, mas Telê repetiu a escalação e a equipe voltou a golear, 4 a 0.

As quartas de final eram disputadas em quatro grupos de três seleções, e o Brasil ficou junto de Itália e Argentina. Foram nove dias de intervalo até a partida contra os hermanos, que, derrotados no duelo com os italianos no primeiro jogo, precisavam da vitória para continuar com chances de classificação. Os argentinos começaram pressionando, mas a Seleção Brasileira não demorou a abrir o marcador, com Zico.

Pelo empate O craque Maradona não conseguiu se destacar, e o Brasil ampliou com gol de Serginho no segundo tempo. Pouco depois, Júnior fez o terceiro, confirmando a vitória. Somente aos 44min, depois da expulsão de Maradona por atingir Batista com um pontapé, a Argentina diminuiu com Ramon Díaz. A Seleção Brasileira jogaria pelo empate contra a Itália pela vaga na semifinal. Para “facilitar”, os italianos estavam num clima ruim, com briga entre jogadores e imprensa.

O técnico Telê Santana não admitia alterar a maneira de jogar para segurar o empate. A Seleção também teve dificuldade ao enfrentar forte marcação homem a homem. Gentile, por exemplo, não desgrudou de Zico até rasgar sua camisa dentro da área, em pênalti não marcado pelo árbitro Abraham Klein, de Israel. Para complicar, logo aos 5min Paolo Rossi marcou para a Itália. O primeiro empate também não demorou: Sócrates, aos 12min. Aos 25min, depois de erro de passe de Cerezo, Paolo Rossi colocou a Azzurra novamente à frente.

O Brasil empatou mais uma vez somente aos 27min do segundo tempo, depois que Paulo Isidoro substituiu Serginho. Falcão fez o segundo gol brasileiro. Mas em seguida, em nova falha defensiva, Paolo Rossi marcou o terceiro gol italiano, em lance em que Júnior pediu impedimento quando ele mesmo dava condições ao atacante adversário. O zagueiro Oscar quase fez o gol da classificação, aos 44min, mas a vitória italiana se confirmou e o futebol saiu derrotado com a eliminação de uma equipe que tinha como essência a arte com a bola nos pés.

Personagem
Falcão

Catarinense de Abelardo Luz, Paulo Roberto Falcão era um dos pilares da equipe. Vendido à Roma em 1980, o volante, revelado pelo Internacional, não foi às eliminatórias nem aos primeiros amistosos de 1982 porque não era liberado pelos italianos. Mas tinha vaga garantida na estreia, com Cerezo suspenso. Na sequência, Telê manteve os dois e tirou Paulo Isidoro. “A qualidade individual era o diferencial, mas a serviço do coletivo. Os jogadores entenderam que a melhor maneira de usufruir da qualidade técnica era jogar coletivamente”, comentou em seu livro "Brasil, o time que perdeu a Copa e conquistou o Mundo". Na Espanha, Falcão, com 28 anos, marcou três gols, contra Escócia, Nova Zelândia e Itália.


Você sabia?
Em campo, um xeque intruso

No jogo França 4 x 1 Kuwait, em Valladolid, em 21 de junho, o xeque Fahid Al-Ahmad Sabah, chefe da delegação do Kuwait, desceu da tribuna de honra e invadiu o campo após o quarto gol francês, marcado por Giresse. Ele alegava ter ouvido um apito indicando impedimento no lance e ordenou que a equipe, comandada por Carlos Alberto Parreira, deixasse o campo. O árbitro soviético Miroslav Stupar voltou atrás, mas a França tornou a marcar, com Bossis. A Fifa suspendeu Stupar e multou o xeque em míseros US$ 11 mil.

Massacre de 10 a 1, o recorde
A maior goleada da história das Copas ocorreu em gramados espanhóis. Em 15 de junho, em Elche, Hungria e El Salvador estreavam no Grupo C. A Seleção Húngara não tinha a mesma força da equipe de 1954, mas chegou facilmente aos   10 a 1. No primeiro tempo, foram três gols: Nyilasi, Poloskei e Fazekas. Na etapa final, Toth, Fazekas, Szentes, Nyilasi e Kiss, três, completaram o massacre. Kiss tornou-se o primeiro reserva a fazer três gols em um jogo de Copa. Apesar da goleada, a Hungria não se classificou.

Uma trave fora das medidas
Na estreia do Brasil contra a União Soviética, em 14 de junho, uma das traves do Estádio Ramon Sánchez Pizjuán, em Sevilla, estava 2,5cm abaixo dos 2,44m de altura estipulados pela regra. O erro foi descoberto no dia seguinte por um ex-goleiro iugoslavo. O estádio só voltou a ser usado na semifinal, entre Alemanha x França, com a trave na altura correta.

O mais velho a erguer a taça
O goleiro italiano Dino Zoff tornou-se o jogador mais velho a conquistar uma Copa. Ele tinha 40 anos e 133 dias quando a Azzurra derrotou a Alemanha por 3 a 1, na final, em 11 de julho, no Santiago Bernabéu, em Madri. O brasileiro Arnaldo Cézar Coelho apitou. Como capitão   da equipe, Zoff teve a honra de erguer   a taça, depois de recebê-la das mãos do rei da Espanha, Juan Carlos.

A campanha
14/06    Brasil 2 x 1 União Soviética – Sevilla – Primeira fase
    Gols: Bal 34 do 1º, Sócrates 29 e Éder 43 do 2º
18/06    Brasil 4 x 1 Escócia – Sevilla – Primeira fase
    Gols: Narey 18 e Zico 33 do 1º, Oscar 3, Éder 18 e Falcão 42 do 2º
23/06    Brasil 4 x 0 Nova Zelândia – Sevilla – Primeira fase
    Gols: Zico 28 e 31 do 1º, Falcão 19 e Serginho 25 do 2º
02/07     Brasil 3 x 1 Argentina – Barcelona – Quartas de final
    Gols: Zico 11 do 1º, Serginho 21, Júnior 30 e Ramon Diaz 44 do 2º
05/07    Brasil 2 x 3 Itália – Barcelona – Quartas de final
    Gols: Paolo Rossi 5, Sócrates 12 e Paolo Rossi 25 do 1º, Falcão 27 e Paolo Rossi 29 do 2º
FONTE: www.uai.com.br

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