segunda-feira, 31 de março de 2014

Literatura

      "A Ditadura, Envergonhada, Escancarada, Derrotada e Encurralada"
Envergonhada - Em comparação a outros golpes militares ocorridos na América Latina, o que derrubou o presidente brasileiro João Goulart, o Jango, foi peculiar. Com poucos tiros, sem execuções ou guerra civil, o processo foi deflagrado na tarde de 31 de março de 1964, quando o general Olympio Mourão Filho marchou com suas tropas de Juiz de Fora-MG para o Rio de Janeiro com a intenção de tirar Jango do poder. No dia 1o de abril Jango estava virtualmente deposto e o novo regime era reconhecido pelos aliados americanos.

Escancarada - Entre 1969 e 1973, a tortura de presos políticos tornou-se política do Estado e a meta do governo era o aniquilamento da esquerda armada, no período mais violento do regime militar. Essa linha, imposta pelo presidente Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), corria paralela a uma forte expansão econômica em todo o país. Em 1973, auge da repressão, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro crescia 14%, índice nunca antes registrado. Era o chamado “milagre econômico”. O “milagre econômico” e os “anos de chumbo” foram simultâneos.

Derrotada - A ascensão do general Ernesto Geisel à Presidência da República, em 15 de março de 1974, tendo a seu lado o general Golbery do Couto e Silva no cargo de chefe do Gabinete Civil, marcou a volta ao poder dos dois militares que, dez anos antes, ajudaram a pavimentar o caminho que levou à implantação da ditadura no Brasil. Agora, eles voltavam para restabelecer o primado da Presidência da República sobre os militares. Os dois generais já eram próximos desde antes do governo de Castello Branco (1964-1967), quando Geisel passou a chefiar o Gabinete Militar e Golbery fundou e dirigiu o temido Serviço Nacional de Informações (o SNI).

Encurralada - No dia 12 de outubro de 1977, quando exonerou o general Sylvio Frota do cargo de ministro do Exército, o presidente Ernesto Geisel pôs um ponto final na anarquia militar que tomara conta do país. Era o confronto – que a ditadura vinha evitando desde 1964 – de duas noções. Segundo Frota, o presidente da República era um delegado dos comandantes militares. Segundo Geisel, os comandantes militares eram subordinados do presidente da República. No dia da demissão de Frota alguns auxiliares de Geisel foram trabalhar armados. O presidente, contudo, organizara tão bem o seu esquema que não se preocupou com uma eventual reação. Prova disso: deixou a mulher e a filha no palácio da Alvorada.
Fonte: www.arquivosdaditadura.com.br

o autor
Elio Gaspari nasceu em Nápoles, na Itália em 1944 e chegou ao Brasil em 1949 em companhia de sua mãe Anna Giacchetti. Começou a carreira jornalística num semanário chamado Novos Rumos, e depois foi auxiliar do colunista social Ibrahim Sued, passando a seguir por publicações de destaque, como o Diário de São Paulo, a revista Veja e o Jornal do Brasil.
É colunista do jornal Folha de S. Paulo, jornal diário de São Paulo, onde está radicado, tendo seus artigos difundidos para outros jornais, dentre os quais O Globo do Rio de Janeiro, Correio do Povo de Porto Alegre, O POVO de Fortaleza e A Tribuna de Vitória
Em seus artigos, trata com ironia as personalidades. Para tanto, lança mão de personagens como Madame Natasha, professora de português que "condena a tortura do idioma" e vive concedendo "bolsas de estudo" àqueles que se expressam de modo empolado. Já Eremildo, o idiota, é uma sátira aos que usam indevidamente o dinheiro público.

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