sábado, 8 de fevereiro de 2014

Túlio Maravilha

A camisa alvinegra não era a do clube que o consagrou. Ao contrário do famoso e mitológico número 7 do Botafogo, o número 999 era o que estampava as costas de Túlio Maravilha. Porém, ele representava mais do que o registro do atacante na súmula do confronto entre Araxá Esporte e Mamoré: fazia referência à maior motivação do artilheiro em continuar jogando com 44 anos: o milésimo gol, segundo as contas do jogador. Depois de uma verdadeira saga por vários times do Brasil e do mundo, ele veio neste dia 08 de fevereiro era o mais esperado na carreira do artilheiro.

Assim como Pelé e Romário, o milésimo gol saiu de bola parada. Aos 27 minutos do primeiro tempo, o árbitro da partida no estádio Fausto Alvim, casa do Araxá Esporte, marcou um toque de mão da defesa do Mamoré. Túlio Maravilha pegou a bola e ajeitou para bater. O goleiro Fabrício do time de Patos de Minas ainda tentou desestabilizar o camisa 999. Tranquilo, Túlio bateu no canto esquerdo e fez. Tirou a farda e mostrou o número 1000 na camisa. Dedicou o gol à esposa, aos filhos e para ele, claro, foi diferente de Pelé e Romário, que marcaram do lado esquerdo e Túlio, do lado direito.

Minas Gerais
A contagem do gol 1000 começou a partir de 500. E assim como o desfecho do projeto, o início de toda a saga pelo gol mil foi no interior de Minas durante o Campeonato Mineiro. Apesar de toda autoconfiança que lhe é característica e a certeza de que ele estar em campo é sinônimo de gol, o atacante adotou o projeto em 1999, quando vestia a camisa do Cruzeiro, contra o Democrata de Governador Valadares.

Depois do Cruzeiro foram 21 clubes e 418 gols, até o tento 999. A última vez que balançou as redes foi na vitória do Vilavelhense por 2 a 1 sobre o Linhares no estádio Virgílio Grassi, em Rio Bananal (ES).

Mais importante
O atacante não precisa nem de um segundo para responder qual gol é o mais importante entre os mil. Cobrança de falta de Sérgio Manoel pela esquerda. Jamir cabeceou para o chão e a bola encontrou o pé direito de Túlio. O artilheiro ajeitou e arrematou com a esquerda. Gol do Botafogo que abriu caminho para o título Brasileiro de 1995.

O lance foi rápido. A defesa do Santos nem reclamou. Mas, na hora da cabeçada, o artilheiro estava impedido. Lance polêmico na final e Tulio admite a irregularidade.

Mas polêmico
Aquele do dia 17 de julho de 1995 contou ainda com gol antes dos três minutos de jogo, falha de Tafarel no chute de Batistuta e a violência dos argentinos que terminaram o primeiro tempo com um a menos.

Com a entrada do zagueiro Ayala no lugar de Batistuta, a Argentina se trancou na defesa para tentar segurar o 2 a 1 que garantiria a vaga na final. Mas Tulio usou um artifício conhecido dos argentinos: impedido, o atacante dominou a bola com o braço esquerdo após cruzamento. Só o juiz viu a bola no peito de Tulio. Gol do empate em 2 a 2. Decisão por pênaltis, Tafarel se redimindo com duas defesas e Brasil na final.

Túlio ainda relembrou o gol de “futebol arte, tetracampeão” marcado de calcanhar na vitória do Botafogo por 4 a 1 contra o Universidad do Chile pela Libertadores de 1996, no Maracanã, um gol de bicicleta no início da carreira no Goiás e a meia bicicleta que deu o título da Série A2 do Campeonato Paulista para o São Caetano e a vaga na elite paulista.

Botafogo
Foram 28 clubes antes do Araxá, além da seleção brasileira. Apesar do início da carreira no Goiás, clube onde fez o maior número de gols – 187, a grande identificação de Tulio é com o Botafogo. Pelo alvinegro carioca foram 167 gols, duas artilharias no Campeonato Brasileiro da Série A e um título nacional.

Em 2013, foi criado o projeto "Túlio a 1000 - 7 Gols de Solidariedade" em que ajudaria o jogador a fazer o milésimo com a camisa 7 alvinegra. Não vingou, segundo o atacante, por causa do próprio clube. Mesmo com os problemas, a intenção era fazer o milésimo com a camisa do time carioca.

- O objetivo, a princípio, era fazer este gol com a camisa do Botafogo, pela identificação e por ser um ídolo do clube, O ideal era ter feito lá. Mas houve um desentendimento e o sonho não foi possível – lamentou.

Milésimo?
Tulio Maravilha tem certeza que fez mil gols. Para o artilheiro, o primeiro gol dele com a camisa do Araxá é a cereja do bolo de uma relação com as redes que poucos tiveram. O atacante lembrou ainda que não foi só a contagem dele que gerou dúvida.

Para os críticos, o atacante do Araxá fez questão de relembrar alguns os feitos da carreira, entre eles, o que ele chama de “Hexa artilheiro do Brasileirão”.

Túlio foi artilheiro por três vezes do Brasileiro em três divisões diferentes. Uma pelo Goiás e duas pelo Botafogo pela Série A, uma vez artilheiro da Série B, pelo Vila Nova - GO, e duas vezes da Série C com o Brasiliense e com o Vila Nova-GO. No total foram mais de 220 gols.

Fim de careira
Independente do milésimo gol, Tulio tem um contrato de cinco jogos com o Araxá e, possivelmente, entrará em campo no confronto entre o Araxá e o Nacional de Uberaba, na próxima rodada do Módulo II do Campeonato Mineiro. Se vai aposentar após o contrato, Tulio não sabe. Mas sabe que, após o fim da carreira, vai atacar em outros campos.

- Vou me transformar em comentarista. De certa forma vou continuar no futebol – concluiu.
Fonte: www.globoesporte.com


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